sábado, 31 de julho de 2010

Dias de Outrora



Bons tempos aqueles de esperança no peito, de ávido desejo, de olho no olho, sem precisar de palavras para seduzir e ser seduzido. Cheiro de canela, pastilha de menta, mãos pequenas sobre mim, risada gostosa de menina sapeca, dragão protetor e guardião às suas costas, boneca de pano entre meus braços, entre meus lençóis, entre gemidos. Saudade do tempo simples de outrora, das curtas temporadas, das noites que viravam madrugadas, das brigas fortes e tempestuosas que se transformavam em sexo selvagem, longo e doce. 

O melhor do meu dia era sempre o de dormir com você e sei que nunca antes fora possível, que nunca virá em novo destino, pois cair em sono ao teu lado será meu único segredo que guardarei contigo.

Bons tempos que ainda desejo que retornem para mim.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Foi-Se O tEmpo



Foi-se o tempo...
Que tudo era mais fácil com você.
Que dias de chuva era dia de sossego e carinho.
Que domingo era recanto de um canto, dia de filme e preguiça.
Que música era pra recordar e marcar momento.
Que discordar não era brigar.
Que confiar era mútuo.
Que Deus era bom.


* "Disse-me uma vez o velho da estrada antes de morrer... Evite àqueles que querem teu mal, fuja daqueles que querem te ver sofrer... Se te atacam com pedras soterre-os com uma avalanche e se alguém deseja sua morte e ainda te chama de querido.. Queime, seu merda. Queime até o ossos todos os malditos que a partir de hoje não existe mais perdão"





(Hoje a quinta só está boa por que tem House duas vezes pra assistir!!!!!!!!!!!!!!)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Momento bom, foi madrugada e estava sozinho..



Época em que acreditava que desenhar e criar estórias era o que me definham como pessoa e indivíduo. Cheio de sonhos tolos, saúde e fé inabaláveis. Incrível como TUDO pode vir ao chão num estalar de dedos. um MUNDO inteiro de probabilidades. Hoje tive um lembrete disso, de onde é meu devido lugar desse lado da vida. Terra boa chamada LUGAR NENHUM. 


Felicidades a todos afortunados que podem amar e viver.

Das Antigas...



E um dia criei uma idéia de amor dentro de minha cabeça, uma dia acreditei que poderia encontrar e viver um amor assim. Fui tão patético que pensei duas vezes antes de postar isso por vergonha.

Ninguém mais vale a pena





O que mais me incomoda é estar sempre certo e a pessoa teimar que não estou. Conheço a verdade de longe, conheço a mentira bem de perto... Ninguém mais vale a pena!!!!


Tristeza pesada hoje, corpo sendo arrastado como se fosse um fantasma com dificuldades de existir em um lugar que não deveria estar
Sem fome, com sono e insônia e com o maldito coração se sentindo esmagado por destroços
Hoje acordei sem saber o que fazer
Me sentido perdido por outra pessoa de modo que há tempos não me perdi
Agora sei por que sempre evitei isso
Não sei lidar, não é para mim e nunca me fez bem
Como algo que todos buscam pode me trazer algum de ruim?
Tão difícil, impossível até, não sei como fazer ou como mudar isso
Nunca pude ter o o que queria
Tudo nem foi inesperado, nunca tive uma conquista ou vitória verdadeira
Tudo meu é triste e ainda assim aprendi a sorrir
Mas há dias que desaprendo 
E são nesses dias que sempre perco o lugar que tento ir.


terça-feira, 27 de julho de 2010

Hoje...



E os dias passam
E os dias morem
Dentro de mim reside algo que desejo matar
E com as noites silenciosas ainda permaneço preso ao que mais odeio:
A esperança
Tento compreender esse contínuo que apenas me destrói e não vejo o sentido de algo assim persistir
Não há como não ficar cansado, derrotado, deprimido e humilhado diante do trágico e hilário hediondo
Sinto-me como um maldito condenado pendurado na forca sem morrer, de pescoço quebrado, balançando como um boneco ao vento 
Pensar que antes eu ainda era alguém que vestia um terno feito de sonhos, que caminhava na rua de pés livres para sentir a cidade, a grama, a vida
Naquela época eu era livre mesmo que não fosse feliz
Era livre por que meu coração não pesava tanto pela tristeza, pelas incertezas, pelo desespero
Hoje
Não sei o que virá no passo seguinte, mas admito que não aguardo mais nada de bom.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Do outro lado do paraíso

Dias cansativos, com sono, sem conseguir dormir
Ando ouvindo músicas de bandas que nem conheço
Procurando algo novo para mim
Muitos solos de guitarra durante as madrugadas
Muita solidão
Muitos pensamentos perdidos e desconexos
Muita loucura e pouca sanidade nos malditos últimos dez anos


Sinto-me pesado, mas não é o corpo
Sinto-me como se estivesse perdido num milharal
A tristeza vem, a sorte vai, e de tempos mórbidos para cá apenas tragédias e mais tragédias para colecionar
A boca fica seca, as palavras não nascem mais, o beijo morre, o sonho também
E tudo, tudo que um dia poderia ser bom se desfaz ficando para trás
A juventude tola, a capacidade de acreditar no amor, a confiança na vida, nas pessoas, nos sentimentos que um dia foram bons
E todo os mundos que eu criava em minha mente se tornaram apenas páginas em branco


Que criatura voraz é essa que me engole por inteiro?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Talvez um Novo Amanhã







Sentimento ruim
No peito
Fragmentos estranhos
Na mente
Dor insistente
No corpo
Na alma
No tempo
Cansaço que acorrenta, falta de alegria, muitas mentiras a minha volta... Nenhuma verdade
Procuro uma saída, uma brecha, uma porta, uma janela que possa me dá uma chance, qualquer chance
Apenas algo para seguir
Mas só vejo meu rosto envelhecer, a areia cair, o sofrer de todas as minhas estações.
Vejo partes de mim perdidos pelo caminho, um caminho que nunca foi bom
Uma estrada que devora carne e ossos
Era para ser assim?
Desde o maldito início?
Tantas curvas, tantos nomes, tantas quedas, lugares e perdas para somente estar onde estou?
Lugar algum?
Onde foi que errei?
Sinto o frio começando me alcançar agora, a mão gélida que inconscientemente de uma forma primitiva tentamos fugir. 
Me parece tão agradável hoje 
Como se estivesse aguardando o retorno ao lar que nunca deveria ter saido
Restou algo ainda?
Não.
O que ficou e veio nunca me fez bem
São só mais esqueletos para enterrar.
Talvez amanhã seja diferente
Talvez amanhã não me sinta triste
Talvez amanhã haja paz
Talvez amanhã não esteja mais aqui.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Branco & Preto



E nada mudou mesmo que o mundo tenha mudado, mesmo que eu tenha mudado
Nada restou, nem lembranças vazias e tolas, nem sonhos banais e infantis
Veio a dor na carne e no espírito trazendo o mundano, o frágil, o prazer cheio de pecado e castigo
E os sorrisos fáceis foram embora,os domingos preguiçosos, os planos mau feitos, as carícias sem sentido, o beijo de aconchego e cappuccino. 
Nada mudou e tudo mudou
Outras estradas, outras bocas, outros prazeres e vícios, uma infinidade de sabores, tons, cheiros e gemidos
Muito vazio, muita carne, poucos amigos, novas estrelas que morreram no dia seguinte que não existe para mim
E fiquei sem saber para onde ir depois que o chão se abriu e diante de meus pés nascera um precipício.
Fiquei mudo, gritei em pensamento, amaldiçoei deuses e Santos, desisti, levantei e desisti novamente e segui sem saber onde, por que e quando.
De certo modo eu morri um dia, mas não saberia dizer o ano
Fiquei para trás, salvei tantos e esqueci de salvar a mim mesmo


E nada restou.


Somente preto e branco... branco e preto.

domingo, 18 de julho de 2010

PAIXÃO CONFESSA



Adaptação de um conto de Stephen King para os cinemas, THE MIST. Um terror dos bons e velhos tempos. Memorável, um clássico para mim. Detalhe: O final do filme é o final do conto que foi vetado pelo editor. Cruel demais!!!!!!!!!!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

PIADA


Fã de carteirinha :D



Uma série que me foi apresentada e recomendada por um amigo... E agradeço por isso, pois veio em uma época muito triste na minha vida e por um fim de semana eu assisti um episódio atrás do outro da primeira temporada. Foi como ter descoberto um momento de alegria e paz. A partir daí acompanhei da forma que podia até ter quando me mudei e consequentemente minha TV a cabo também. Dá BIG (na época) passei para a JET e assim finalmente veio a UNIVERSAL CHANNEL. HeHeHeHeHe... Dia de quinta a noite House inédito e de segunda a sexta as reprises de todas as temporadas. Admito que exagero vendo até as reprises das reprises, mas é o que faz bem para mim. Muito sarcasmo, humor, casos intrigantes e drama na medida certa para mim. E viva o HOUSE!!!!!!!!!!!! Alguém que quando jovem eu me arriscaria em dizer :"Quando crescer quero ser assim".



terça-feira, 13 de julho de 2010

Prisioneiro





E novamente me sinto prisioneiro
Um homem de garganta cortata
Sito-me ainda mais perdido ao ponto de nem querer pensar 
Me sinto fraco, feio, deslocado e sozinho.
Não sei o que fazer
Nem posso dizer que devo prosseguir, pois não há direção alguma a tomar
Não há rumo
Nem mesmo uma saída para poder fugir
Só há essa imensidão do nada a minha volta...
Me rodeando como um maldito tubarão

Admito que nem sei mais se quero lutar contra isso
Hoje só queria respostas
E compreender
Me contentaria somente com algo assim.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Dia estranho...

Dia estranho para caminhar nessa segunda feira. Muitas incertezas, um sono pesado e incomodo. lembranças de sensações de um passado que ainda faz com que me sinta no mínimo idiota. Algumas risadas a noite por uma companhia que por alguma razão me afeta de forma inesperada. Mas nada de importante aconteceu. Apenas o costumeiro ruim que nunca fica de fora ou vai embora. Talvez eu durma bem hoje, espero que seja um sono sem sonhos, pois admito que estou cansado deles.



Boa Madrugada.

PIADA

Chega de Falso Anjo









Cansado de gente falsa, gente de sangue ruim que envenena feito serpente

Vem com cara de falso anjo, voz doce e sorriso ensaiado

Sempre querendo meu mal, buscando formas de me atingir, procurando nas brechas da estrutura de meu ser

Longe de mim

Já possuo meu próprio mal para lidar

Já demorei por demais para me curar de venenos de outrora

Quero liberdade, fugir do demônio

Me manter como ainda consigo ser

Não sou coleção, não sou a última opção de ninguém

Sou homem da carne, do sexo, passado de sentimento morreu tempos atrás

De mentiras estou livre

Vejo toda a verdade do mundo e das pessoas agora

Não soi mais boneco nem vítima

Se for para escolher papel serei seu algoz

Cansei de estar cansado, de uma luta inútil e de uma fé de tolo

Cansei de ser infeliz

Só quero mais carne e sorrir sem motivo

Só quero prazer de luxúria e mais vinho

E viver assim até o fim de meu caminho.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Romeu & Julieta “O adeus do Cavaleiro”


Tentativa em fazer uma versão para quadrinhos em dias modernos baseado em Romeu e Julieta em um ambiente de violência e crimes.











Passos em uma calçada de ladrilhos, brancos e negros. Os sapatos comuns, no estilo sapatênis, as calças, em um cinza desbotado, com pequenos rasgos, estrategicamente feitas, como se vê muito nas lojas de marca. Ele parece somente mais um jovem que caminha nas ruas de Los Angeles. Vestindo uma camisa branca, com uma estampa de alguma banda de rock qualquer, e um casaco até os joelhos de jeans preto. Seu cabelo castanho claro está meio comprido, quase batendo nos olhos e está um tanto assanhado, como é de costume da moda hoje em dia, a sua barba está por fazer já a um bom tempo, ela é rala e de cor mais clara que o tom de seu cabelo. Ele caminha calmamente por uma rua, de um bairro qualquer, seguindo para uma lanchonete chamada de “A Casa de Tortas de RosyBlue”. O nome do jovem é Romeu e, nesse fim de tarde de outono, ele possui hora marcada para se encontrar com seu contato, nessa lanchonete tão comum quanto esse bairro e as pessoas que vivem nela.





Ao abrir a porta o sininho, que fica acima, toca anunciando as garçonetes à chegada de um novo (e suposto) cliente. Em uma das últimas mesas, sozinho. Encontra-se um homem (novo) careca, vestido com roupas escuras, exeto por seu casaco que está pendurado na cadeira onde se encontra sentado. Ele bebe seu café e na mesa há um prato, de tamanho médio, com uma torta pela metade. O homem olha para Romeu de Soslaio.

                                                        * * *

É o XXIII Baile da Primavera. Somente convidados escolhidos (cuidadosamente) irão participar dessa grande noite. O traje para os homens é um fraque, de modelo antigo, negro azulado, e é um requisito obrigatório para a festa. Já as mulheres possuem a liberdade de abusar nos vestidos, contando que se adequem ao tema do baile. Que é em um estilo do século dezenove, e sejam exclusivas como as máscaras (daquelas do tipo que cobrem do nariz para cima e deixa a boca e o queixo livres), aos quais todos os convidados receberam, juntamente com seus convites, mais uma carta especificando o dia, a hora e o local da festa.
Romeu, trajado a caráter, caminha por uma estrada, feita de pequenos paralelepípedos, que dá até uma enorme mansão estilo vitoriana, onde se encontra muito afastada da cidade. Seguir esse caminho, também foi uns dos requisitos que se encontrava na carta. Ao final da estrada de pedras ele pára diante de uma escadaria de mármore branco. Sobe elegantemente enquanto retira do bolso, de seu paletó, o convite feito em um papel preto, com letras douradas e um símbolo na parte inferior dele. O símbolo é um desenho simples de dois arcos horizontais, um, em cima, dobrando para baixo cruzando com o outro arco, abaixo, que curva no sentido oposto ao primeiro, formando um olho em que a ires é uma meia lua. E para finalizar o desenho há uma única lágrima saindo do olho.
Com sua outra mão, Romeu, põe a sua máscara; uma máscara de palhaço com ar tristonho, com nariz grande e bochechas muito redondas.
Ao subir as escadas chega até a porta de entrada, uma porta alta e larga de madeira enegrecida e base arredondada, com imagens de árvores e folhas talhadas nela. Bem acima do arco da porta, o mesmo símbolo que se encontra no convite. Um olho de meia lua que derrama uma lágrima. Ele toca a campanhia... Nenhum som é emitido além do barulho do vento e o farvolhar das folhas nas árvores que arrodeiam toda a propriedade. Em seguida, quase que imediatamente, a porta é aberta por um homem gigantesco e largo com uma máscara de gorila. Romeu não conseguiu evitar esboçar um sorriso ao ver aquela imagem. O gigante com a voz abafada e muito grave, mas estranhamente cordial, fala para o jovem a sua frente:

- O seu convite, senhor.

Romeu lhe entrega despreocupadamente, como se fosse um ato corriqueiro. O gigante, após, passar o convite por uma máquina de leitor infravermelho, indica com seu enorme braço a direção de um corredor todo rubro:

- Divirta-se, senhor. – Por trás da mascara de gorila, Romeu, pôde sentir o surgir de um sorriso malicioso.

                                                        * * *


Dentro da lanchonete, sentados um de frente para o outro, encontra-se o homem careca e Romeu. Ambos comendo tortas com café.

- Devia experimentar a de nozes... Você sempre pede de chocolate. – Diz o homem, após dar mais um gole.

- Pode ser... Um dia. – Responde Romeu de forma desinteressada.

O homem entrega a ele uma cardeneta preta de couro:

-... Você esqueceu isso. – Romeu a pega e abre como se fosse algo insignificante. Dentro da cardeneta há uma foto (que parece ter sido tirada do alto, ou de uma câmera daquelas de vigilância), em preto e branco, de um homem um pouco acima do peso, bem vestido em um terno, com os cabelos bem penteados para trás, já meio calvo, e de barba bem feira e aparada. Parece ser um pouco velho demais para os cabelos e a barba serem tão, impecavelmente, pretos. A foto parece ser de algum saguão de um hotel de luxo e ele está acompanhado de dois outros homens que, nitidamente, dá para ver que são seus guarda-costas. “ Cães”, ele pensou.
Na cardeneta também há um envelope, em um tom de papel envelhecido, com um desenho de um olho derramando uma lágrima, destinado a um tal de Jonas T. Brown. Ele fecha a cardeneta e a guarda em seu casaco e se volta para seu contato:

- Obrigado. Nem tinha me dado conta que havia esquecido dela. Rose vai bem?

- Sim... Está bem... – Responde o homem com o garfo ainda na boca.

Uma garçonete (sorridente) se aproxima:

- Os senhores desejam fazer mais algum pedido? – Ela olha principalmente para Romeu, que lhe responde com um sorriso bem ensaiado:

- Não, minha querida... Estou satisfeito. Obrigado.

- Mas eu não. – Fala o contato de Romeu sem nem olhar para o rosto dela - Eu quero mais café e uma torta de nozes para viajem, por favor.

- É pra já. – Fala a garçonete sorridente e sai para atender ao pedido.

                                                        * * *

Até mesmo Romeu não conseguiu evitar de se espantar com a grandiosidade e perfeição da organização da festa. É como voltar no tempo ou de entrar em um imenso set de filmagens de algum filme de época. As roupas, as músicas, o ambiente... Como          se estivesse em um sonho daqueles tão reais que você se perde dentro dele. E de fato, aqui nessa noite, dá para esquecer da existência do mundo moderno lá fora.
Ela se mistura entre os convidados, todos escondidos por suas máscaras. Até mesmo os garçons, em seus uniformes de calças negras e paletós brancos, estão de máscara, todos com aquele modelo do cavaleiro solitário. O salão de festas possui uma forma de cúpula e seu teto tem uma belíssima obra de arte de um afresco. A iluminação amarelada, pelas velas dentro de pequenas esculturas de vidro, dá uma atmosfera quase sobrenatural reforçando ainda mais a sensação de estar dentro de um sonho.
Os homens, todos iguais em seus trajes, somente diferenciados por suas máscaras personalizadas ou por uma diferença física facilmente notável, como o fatos de uns serem mais altos, outros gordos ou pelo cabelo (ou pela quase ausência dele). As mulheres, todas com seus vestidos criados, especificamente, para essa única noite, são uma combinação de beleza, vaidade e de uma disputa silenciosa de qual delas está usando o vestido mais lindo e original. Suas máscaras são cheias de brilho, algumas com plumas, enfeites e coisas assim. Diferente das dos homens, que possuem a imagem de elfos, palhaços, demônios e até de animais. Provavelmente uma forma nada sutil de demonstrar o que o organizador, ou organizadora, já que ninguém possui o conhecimento de quem realiza e criou esse tipo de festa, pensa sobre as representações de como vê seus convidados e o modo como define o caráter dos sexos.

Romeu, agora com uma taça de vinho branco em sua mão, busca seu alvo entre todo esse mar de luxo, fantasia e vaidade. Ao distante, no alto do primeiro andar, em uma mesa, ele o avista. O Homem, um pouco acima de seu peso, usando uma máscara de uma face risonha com uma coroa de rei. Sentado com ele se encontra as suas tão faladas “ninfas”, uma mais enfeitada (e bela) que a outra. Próximo de sua mesa, seus guarda-costas, em pontos estratégicos formando um triângulo. Os três atentos como aves de rapina e imóveis como se fossem estátuas. Eles estão trajados como requisitados a todos aqui presentes, cada um com sua máscara própia. Um com uma máscara de algum felino, outro usando a de um cão (essa bem adequada) e o último de urso.
Ele começa a caminhar entre todas aquelas pessoas de rostos cobertos para aproximar-se mais do homem de máscara de rei risonho. Faz isso tranquilamente, de forma que não levante nenhuma suspeita, afinal, a ausência de seguranças aqui dentro, mostra que apesar do estilo antigo da festa, há câmeras que devem estar monitorando tudo e a todos. Um erro e certamente uma equipe sairia do nada e daria fim a sua missão e a ele também. Sua estratégia prossegue normalmente até que uma imagem lhe rouba a completa atenção. Uma mulher de vestido vermelho escarlate, dançando com um senhor de idade com uma face de demônio negro. Ela usa uma máscara simples, ao contrário das demais, uma máscara branca que a faz parecer uma boneca de porcelana fina e frágil. Ele ficou vendo-a dançando, seus cabelos finos e longos, negros como a própia e misteriosa noite, rodopiando pelo salão e sorrindo com um encanto quase que hipnótico. Romeu nota que não é somente ele quem está preso a aquela deslumbrante imagem. Outros homens também a observam, só que apesar das máscaras, dá para sentir a lascívia por trás daqueles olhares. Ele ficou a observá-la ainda, vendo seu vestido girar e girar... E uma imagem lhe vem à mente, como em um filme quando uma cena muda de uma para outra completamente diferente de forma  abrupta.Vem-lhe a imagem de uma menina de casaco vermelho, daqueles com capuz, próxima de um homem de sobretudo negro, ambos perto de uma árvore em que muitas folhas caem devido ao outono... Em seguida outra imagem vem. A de uma mulher usando um vestido rubro vivo, brilhoso, lhe falando muito perto de seu rosto, quase que em um sussurro: “... Lobos só andam com lobos”.
Romeu “volta” à festa... A música tinha parado de tocar, e os espectadores estão aplaudindo o casal que acabara de dançar. O senhor com face de demônio, sorrindo, agradece, a dama de vermelho também. Ambos passam por todos, ele segurando a ponta dos dedos dela com o braço um pouco levantado, como se fazia antigamente. O casal passa por Romeu. A jovem o olha com o canto de seus olhos; ele não. Somente se dispõe a fechá-los e sentir seu perfume que ainda flutua no ar... E guarda-lo na memória, um hábito que adquiriu desde sua infância.

                                                        * * *


- Você deve tomar muito cuidado. Vai ter que ser mais rápido e preciso que de costume. Como já tentaram mata-lo antes, a velha raposa só anda agora muito bem acompanhado. – Fala, com a voz muito séria, o homem careca para Romeu, apesar de não estar olhando para ele.

- E como irei então chegar até a “velha raposa” se ele possui sombras mais do que eu e você juntos?
- Isso já foi arranjado... A mais de um ano uma de nossas “meninas” está com ele. Ela vai ser seu ás. E tem que ser de forma discreta... O velho quer usá-lo como um aviso...

 Ele se cala subitamente.
A garçonete sorridente chega trazendo os pedidos. Mais uma xícara de café e uma embalagem colorida:

- Aqui está, senhor, o seu pedido... Mais café e sua torta para viajem.

- Obrigado... - Diz o homem. – Daqui a pouco traga a conta, está bem?

- Claro. – Responde ela sorrindo e antes de sair (mais uma vez) olha para Romeu. O homem aguarda que ela esteja longe o suficiente para prosseguir a conversa:

- Isso já está ficando irritante... Espere aqui. – Ele se levanta. – Preciso ir ao banheiro.

Enquanto seu contato encontra-se ausente, por suas necessidades fisiológicas, Romeu começa a olhar a rua pela vitrine da lanchonete. Lá fora lê vê as pessoas seguindo com suas vidas normalmente, e imagina quais são seus sonhos e objetivos, seus problemas corriqueiros e de como possuem liberdade e ao mesmo tempo muitas limitações. Até mesmo seus medos são comuns...
Do outro lado da rua uma bola de futebol surge do nada, ela quica na parede de um prédio qualquer e cai em uma enorme poça de água enlamaçada. Logo em seguida algumas crianças, meninos e algumas meninas, aparecem atrás da bola. De onde ele está não dá para ouvir direito o que elas falam, mas se quisesse poderia ler seus lábios para saber. O menor deles, um garotinho de cabelo curto e espetado, pega a bola sem nem se importar com a lama nela... Na bola suja de futebol...

                                                         * * *


 Da janela trancada de um velho edifício, de tijolos desbotados, uma criança observa a rua e as crianças que brincam. Elas devem ter a mesma idade que a dele. E ele as observa como eles correm atrás de uma velha e suja bola de futebol e de como riem com isso. Algo tão simples.
Não dá para ouvir o barulho ou os gritos que fazem, pois as janelas e as paredes do edifício foram projetadas para isso. Para preservarem o silêncio; Não para impedir os sons que invadem, mas sim, para aprisionar os barulhos oriundos do lado de dentro.

- Afaste-se da janela, meu jovem. – Uma voz forte como trovão despertou o menino que estava aprisionado pela imagem das crianças lá fora.
Acompanhando o senhor de voz poderosa está uma linda mulher, de seus quase trinta anos, em um deslumbrante vestido, de um rubro escuro e brilhoso, que desenha perfeitamente bem seu corpo magro e voluptuoso. O menino aproximou-se da mulher e lhe perguntou de forma direta e segura:

- Por que não posso nunca brincar com os outros lá fora?

Ela inclina-se até o ponto em que seus rostos fiquem muito próximos um do outro, e com uma voz doce, um sorriso nos lábios de cor púrpura, e gostosa de se ouvir, diz, quase que em um delicioso sussurro:

- Porque eles são somente ovelhas, meu bem. E lobos só andam com lobos.

- Basta de conversas. – Intervem o homem - Temos um horário a cumprir, meu jovem. E uma tarefa que já está atrasada a duas longas semanas.

- Eu sei... – Responde o menino intimidado.

A charmosa mulher afasta-se sem nem olhar para o jovem, mas antes de sair da sala, ela vira um pouco seu rosto, o suficiente para seus olhos cruzarem com os dele e dar-lhe uma piscadela. Em seguida sai e fecha a porta delicadamente do mesmo modo como chegou.

Na sala o silêncio reina com toda a sua plenitude. O grande homem vai até a uma mesa comprida de madeira com pernas de metal dourando, que se parecem patas de algum animal mitológico; Como de um dragão.
A mesa está coberta por um manto. O homem o retira revelando o que se escondia sob ele. Devidamente enfileirado encontra-se inúmeros utensílios como simples martelos de carpintaria, facas de cozinha e até pequenas armas medievais. Mas, uma peça em peculiar chama a atenção... Um cano. Um simples cano de metal.
De longe o menino observa todos os objetos que repousam sobre a mesa. Alguns são velhos e sujos, outros são novos e até há uns brilhantes, como se tivessem sido lustrados ou envernizados. O homem aproxima-se do jovem e lhe entrega, até de uma forma suave (contrário de seu costume), Um par de luvas de couro marrons. O menino as calça perfeitamente bem. Já existe certa prática nisso. As luvas, os gestos... Tudo isso soa como um ritual ou como uma cena de peça ensaiada.
De uma outra porta o homem trás um enorme leitão. Um monstro imundo e fétido, dono de sons nojentos e perturbadores.

- Você sabe exatamente o que deve fazer - Diz a voz de trovão.

O menino vai até a mesa e seus dedos pequenos deslizam entre os objetos frios até parar em um deles. Ele o segura firme com as duas mãos. Não existe tremor algum nele.

- Quando o fizer, não grite, não emite nenhum som sequer. O silêncio e a surpresa também são armas. E quando terminar... Meu jovem. Não chore. Para nós não existem culpa, remorso... E nenhum tipo de piedade.


                                                        * * *

- Está meditando garoto? – A voz do homem careca traz Romeu de suas lembranças.

- Estava pensando nas variáveis... Para a noite da festa. Arquitetando...

- Certo... – Ele tira de sua carteira algumas notas de dinheiro e a põe sobre a mesa. – Dê isso à garçonete quando ela vier com a conta... E... – Ele encara Romeu bem nos olhos. -... Tem mais uma coisa que você terá que fazer lá...

                                                        * * *



 Romeu vê seu alvo saindo da mesa com suas acompanhantes, juntamente com seus guarda-costas logo atrás, até um dos quartos do primeiro andar. Dois dos seguranças dele ficam na porta e o terceiro entra com seu chefe e as garotas. Ele observa para vê se há alguma câmera avista no corredor. Nada. Se há alguma está bem escondida. Depois se encosta-se ao canto de uma das paredes, de onde nenhum dos dois posa vê-lo, fingindo estar meio tonto por beber demais, aguarda o momento certo de agir... Espera que seu ás lhe dê esse momento certo.
Alguns minutos se passam, um leve barulho vem do quarto, um barulho o suficiente para atrair a atenção dos dois cães de guarda. O momento é agora. Tudo é muito rápido e preciso como deve ser. Antes mesmo de qualquer um dos guarda-costas conseguir disparar um tiro, após um deles puxar a arma ao vê-lo, Romeu já o dominou, quebrando o braço do que está com a automática e atingindo-o na traquéia para não gritar enquanto com um chute esmaga e quebra o pescoço do outro, contra a parede, que ainda iria entrar em ação. Em seguida, com um só movimento, gira a cabeça do que ainda estava vivo, quebrando, também assim, seu pescoço. A ação inteira levou menos que trinta segundos.
Com a arma (que está com um silenciador) de um deles, Romeu entra no quarto. O Lugar está iluminado somente por abajures dando uma cor esverdeada. A sua frente, no chão, ele vê o último dos seguranças caído com uma agulha em seu pescoço. “Envenenado”. Ele logo pensou. “Nem teve chance”.
No outro vão, onde se encontra a jacuzzi, estão às outras duas garotas caídas do mesmo modo o outro. A iluminação aqui já é em uma cor avermelhada. No canto está a terceira moça, o seu ás, agachada com uma das mãos apoiada no chão e na outra mão, entre os dedos, três agulhas envenenadas. Ele sabe que todas elas estavam escondidas em seus cabelos. Na frente dela está o alvo, um homem de cinqüenta anos de idade, completamente nu, com seus cabelos e barba pintados de negro. As rugas de seu rosto e seu corpo flácido e enrugado não combinam com a tinta que insiste em usar. Ele parece aterrorizado e não consegue gritar devido a uma agulha bem no meio de sua garganta.
A jovem olha com um olhar frio para Romeu:

- Eu sou muito bem capaz de fazer tudo sozinha, mas as ordens eram que você o eliminasse... – Fala com um tom de deboche. – Mas aí está... Ele é todo seu.

Romeu olha para o homem que tenta emitir algum som, mas no máximo que consegue é dar um chiado baixo parecendo com a de um rato sendo esmagado, depois olha para a jovem que lhe parece mais um animal prestes a dar o bote em sua presa.

                                                        * * *

O homem careca em pé, diante de Romeu, inclina-se apoiado um dos braços na mesa e a outra na cadeira, em que ele está sentado, lhe fala próximo em um tom leve e baixo:

- A mulher... A nossa “menina” que está com a velha raposa... Ela nos traiu. Fez algo que não devia. Você tem que elimina-la também, entendeu? – Nessa última frase a voz dele muda para séria e sombria.

                                                        * * *


Romeu direciona a arma para a jovem. Sua expressão de predadora muda para a de uma mulher qualquer que foi pega de surpresa. Ela sabe que não é párea para ele, sua fama já se propagou o suficiente para até outros assassinos temê-lo. Ela só se limita a abrir a boca e dizer:

-... Por quê...?

O brilho do disparo da arma ilumina o rosto de Romeu. A face do homem despido desfigura-se para desespero e a arma muda de direção novamente. Seu alvo fecha os olhos, e chorando, aguarda pelo inevitável.

                                                         * * *


Na lanchonete, o contato de Romeu, veste o casaco enquanto caminha para a saída:

- Se cuida, garoto!

- Hei, “Branca de neve”!- Chama Romeu em um tom irônico. O Homem o olha sério, mas com um meio sorriso nos lábios.

- Adeus! - A voz dele saiu séria, sem nenhuma falsidade nela. Pelo menos, nenhuma que se pudesse detectar.

O Homem dá um sorriso, bem nítido dessa vez, e antes de sair diz:

- Leve a torta e a experimente depois. – E sai porta afora, acompanhado do som do sininho.

Romeu permanece sentado... Olhando lá fora, a rua e as pessoas. Vendo as crianças brincando com uma bola de futebol, completamente despreocupadas com o dia de amanhã. Simples crianças e nada mais. Crianças que conseguem sorrir... Sorrir e brincar com uma velha e suja bola de futebol.




                                                           Fim


*********************************************************


Só pra rir um pouquinho!!!!!!

Aprendizado.





Hoje descobri algo certo a fazer para meu próprio bem. Me manter de certas pessoas pelo simples fato de uma decisão tomada sem me importar com o que pensarão de mim ou não. E quer saber? Isso é muito bom. Hoje fiz isso. Tomei uma decisão que sempre adiei ou voltei atrás, mas percebo que era inevitável. A pessoas que não podem evitar, é do instinto delas, elas fazem mal e nem percebem ou se importam com isso. E as vezes somente sua presença faz florescer um passado ruim já é um mal indesejado. E quem quer se sentir assim só por cordialidade ou por que o destino insiste que você deve ficar assim? E com isso em mente percebi que simplesmente é só se afastar que as sombras te deixam em paz. É só seguir em frente, nunca olhando para trás. E assim deve ser para quem não quer viver carregando fardos a vida toda. VIVA e LITERALMENTE deixe MORRER.


Fique na PAZ.



Como não tenho nada pra dizer!!!!!!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Amor?

E o que é o amor se não um veneno latejante, criatura arbitrária que invade mente, alma e corpo. Um sangue-suga de um ser vivente que perde sua personalidade e liberdade em troca de uma prisão sem muros que seca cada vez mais seus prisioneiros, levando-os a um fim nada prazeroso. E até mesmo os que se libertam de tal agonia devoradora segue seu destino marcado para sempre como um ser amputado ou desfigurado por dentro.
O que é o amor então se não apenas o sentimento mascarado entre estranhos? Afinal somente pode nascer um amor verdadeiro da mãe ou pai por um filho e do filho pro seu pai e mãe. Talvez entre irmãos, entre familiares de convívio contínuo e sincero. Fora isso o que há mais, além de amigos que nada mais são uma extensão de nossa familia pelos caminhos da vida? Existe amor entre dois estranhos ou é apenas uma ilusão vinculada a uma utopia sexual fantasiada de romance e uma fé quase infantil? E como "isso" pode ser amor sendo tão destrutivo e humilhante com validade de tempo? AMOR assim não existe, não se cria, não vem do nada e vai para o nada com o passar do tempo. Ninguém deixa de amar seus pais, nem mesmo depois da visita da "Senhora de Negro", um amor assim eu creio as cegas, pois é sem dúvidas, sem provas, sem camadas e eterno.
Fora isso quem pode sentir algo que seja para sempre?
Não vou me iludir que só serei feliz em uma prisão sem saída nem perder tempo com invenção de mentes loucas. Não vou crer apenas por que o mundo crê... Eu vou é buscar e sentir o que é melhor para mim.
Sem medo, sem culpa e sem ilusão.

Despedida.



E hoje minha vida teve uma revirada no mínimo inusitada. Sinto-me triste com isso. Um sentimento de pesar inquietante e profundo. E um medo de retornar a um lugar da minha vida que sempre tentei fugir. Porem não se pode evitar o que deve ser inevitável... E na vida não dá para evitar a batida quando se está num carro rumando para o muro a toda velocidade. Cabe a mim agora torcer e sobreviver a colisão.
Vão vir dias difíceis e solitários para mim.
Agora me despeço.


Até breve.

Só para rir um pouco hoje.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ah... Que saudade.



Eu cresci lendo Calvin & Haroldo, e você? Ainda lembro da primeira vez que o li, um livro que minha trouxe do sebo. Ninguém o conhecia por aqui e não teve como não querer mais. Procurar foi difícil, eu saia catando em tudo que era livraria e barracas de livros usados, cada edição de um garoto com a imaginação tão grande quanto sua personalidade inconsequente. Quando conseguia um exemplar lia do inicio até terminar para depois reler as tirinhas que mais havia gostado. Até hoje não tenho todos e tenho até que substituir os que tenho, pois já são amarelos de velhos e usados. Sei que alguém me roubou uma edição, mas também sei que uma amiga me deu um pequeno exemplar só pro lembrar que adorava.
Algo assim fica com a gente para sempre.

Poema feito para quem nunca veio

 A muito tempo atrás, ainda quando era um maldito crédulo, escrevi um poema para um ilho que acreditava que viria  a ter. Foi algo que demorei para deixar de ter fé e hoje nem se quer cogito tal possibilidade por uma certeza exata que tenho. Ficou para trás mais um sonho que não mais me atinge como antes. Ficaram apenas essas palavras tolas escritas:




Poesia tem que fazer parte da vida.

Madrugada Solitária



É estranho perceber, como num estalo, em uma conversa dom uma amiga num estado parecido, como a solidão pesa mais depois de certa idade em nossas vidas. Para quem é novo não irá entender bem o que me refiro, pois na juventude temos uma maior capacidade de lutar contra e por muitas vezes até condições de vence-la. Mas agora, depois de ter ultrapassado meus trinta anos e vendo que cada ano termina como areia na ampulheta (e já estamos em julho) percebo o quanto é mais profundo estar só hoje do que era em vinte e poucos anos. Na adolescência então? As vezes assistindo um filme eu já esquecia a sensação... Mas ao passar do anos a "coisa" se expande como um câncer, como raízes de uma árvore milenar se agregando cada vez mais ao solo e determinando seu território. É difícil, não nego. E é fraqueza de minha parte também, para alguém que sempre soube lidar com a solidão por uma vida inteira, mas pelo menos ainda não tenho medo. Infelizmente sei que com o passar dos anos e a idade começar a pesar mais do que meu corpo aguentar sei que o medo virá a mim para terminar de formar o círculo. Se agora já vejo algo nebuloso para mim e sinto como um raio o tem passar por mim como será quando eu tiver mais dez anos no rosto?


Queria não ter que pensar nisso hoje, mas a insônia é um mal que faz a mente ir para direções que não desejamos nunca ir. É como pular do precipício... Não tem mais volta, agora é admirar a paisagem e aguentar a queda.

Fecho os Olhos



Venceu.

A vitória é sua.
Não tenho mais forças para continuar, tão pouco para lutar então.
Me tira algo dia a dia, e hoje quase não resta nada de mim.
O cansaço me toma e reina o fracasso eminente em minha existência.
Sombra sou.
Um equívoco.
Uma falha genética, um erro da natureza.
É hora de sentar e deixar a areia me cobrir, me tornar parte da estrada que não posso seguir.
Estou cansado demais para continuar.
Fecho os olhos.
Digo adeus a ninguém.
Que venha a escuridão e a paz consigo.
Que eu me torne enfim vazio.
Jaguar SS

GLÓRIA EM UMA FLOR



“O que de esplendor outrora tão brilhante agora seja tomado de minha vista para sempre. Apesar que nada pode trazer de volta a hora de esplendor na relva, de glória numa flor, não nos afligiremos. Encontraremos forças no que ficou para trás.”
“… e agora, apesar de perdido,
o esplendor na relva e o tempo de glória da flor,
em vez de chorar,
buscaremos força no que para trás deixámos...”

(Wordsworth)